Chacina de novembro de 2014 completa seis meses e a sociedade ainda espera respostas

Foto: Jean Brito
Familiares e amigos das vítimas da chacina de novembro de 2014 realizaram uma Caminhada pela Paz e Justiça, na tarde desta terça-feira (5), no bairro do Tapanã. Representantes de vários movimentos sociais estiveram presentes no  evento. A Sociedade Paraense de Defesa de Direitos Humanos também marcou presença. Outro destaque foi a participação da Ouvidora do Sistema de Segurança Pública e Defesa Social, Eliana Fonseca.

Foto: Jean Brito
O percurso da caminhada foi o mesmo feito pela vítima Márcio dos Santos Rodrigues, mais conhecido entre os amigos e a vizinhança como Marcinho. O jovem, de 22 anos, voltava de uma praça do Tapanã -bairro onde cresceu-, na madrugada do dia 5 de novembro, quando foi perseguido e assassinado por homens encapuzados, supostamente acompanhados por uma viatura da PM. 
Foto: Jean Brito
Francisco Batista, integrante da Comissão de Justiça e Paz do bairro da Terra Firme, esteve na caminhada e disse que está acompanhando o caso desta chacina, que vitimou vários moradores de bairros periféricos da Região Metropolitana de Belém. A Terra Firme foi o bairro onde tiveram mais pessoas executadas. "A comissão, junto com a Ouvidoria do Sistema de Segurança Pública, foi uma das primeiras instituições a acompanhar as investigações desses crimes. Percebemos que é na periferia onde há  maior incidência de extrema violação dos direitos. Neste caso, ocorreu uma série  de assassinatos após a morte do Cabo Pet, da Polícia Militar. As mortes foram aleatórias. As vítimas foram escolhidas pelo fato de morarem na periferia". 

Foto: Jean Brito
"O meu filho era um rapaz animado. Gostava de ouvir música e brincar. Ele teve o seu primeiro e último emprego no ano passado. Imaginava que ele poderia ser vítima de um assalto ou um acidente, já que andava de moto, mas jamais pensei que ele  morreria deste jeito. Vivemos na periferia, lugar onde o Estado nos abandona e só entra para matar. Eu tenho mais medo de morrer pelas mãos da polícia do que pelas mãos de bandidos. Na periferia, lugar onde o Estado não entra, existem pessoas de  bem", desabafou a mãe de uma das  vítimas, que se emocionou durante a caminhada.   

Foto: Francisco Batista
Parentes e amigos de Murilo clamavam por justiça. O jovem, de 20 anos, foi assassinado na esquina da sua residência,  no bairro do Marco, ao comprar um churrasquinho. Ele trabalhava como auxiliar de pedreiro e chegou a se matricular numa escola pública para retomar os estudos. "Eu quero justiça! Quero que todos os envolvidos nestes crimes sejam condenados. Dói saber que ainda existem policiais que participaram dessa barbárie, trabalhando livremente, com o risco de fazerem novas vítimas", cobrou um familiar do jovem.

"Estamos aqui em solidariedade às familiares das vítimas destes crimes. Vamos acompanhar as investigações até o final", afirmou Jean Brito. "Antes de ser ouvidora, sou militante em defesa dos Direitos Humanos. Não vamos parar até que seja garantida a justiça às vítimas e aos seus familiares que tiveram vidas inocentes ceifadas de seus lares brutalmente", declarou Eliana Fonseca.

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