Familiares de vítimas da chacina participam de lançamento de jornal laboratório na UFPA


Foto: Divulgação
Após nove meses da chacina de 2014 - ocorrida em bairros periféricos da Região Metropolitana de Belém nos dias 4 e 5 de novembro - os familiares das vítimas participaram na manhã desta quarta-feira (5), do lançamento do jornal-laboratório Primeiras Linhas. O veículo de comunicação está nas versões  impressa e digital e é um projeto da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Pará (Facom). O evento foi no campus Guamá, da UFPA, e contou com a presença de representantes da SDDH, CJP/Terra Firme, Tela Firme e Ouvidoria do Sistema de Segurança Pública do Pará.

O dia do lançamento do jornal Primeiras Linhas - 5 de agosto -  é simbólico, já que todos os meses, nos dias 4 e 5, familiares, amigos e organizações da sociedade civil se reúnem para lembrar e exigir justiça para os assassinatos das dez pessoas, vítimas da chacina de novembro. Em suas doze páginas, o jornal traz informações sobre as violações ocorridas nestas datas, que para alguns, jamais serão esquecidas. 

A primeira edição do jornal-laboratório marca também o reinício do Jornalismo Impresso na Facom. No Primeiras Linhas, estudantes são introduzidos nas práticas do jornalismo impresso. A mesa de abertura, durante o lançamento do jornal, contou a  presença dos professores Manoel Dutra (editor e idealizador do projeto), Rosane Steinbrenner e Otacílio Amaral Filho.

O lançamento contou com um debate que teve a participação de Francisco Batista (CJP/Terra Firme e Tela firme), Meyre Gemaque (familiar de uma das vítimas da chacina) e  Eliana Fonseca (ouvidora do Sistema de Segurança Pública do Pará). A mesa foi coordenada pelo professor Guilherme Guerreiro Neto, diretor de redação do jornal. “A Faculdade de Comunicação há tempos ansiava por um jornal laboratório. O Primeiras Linhas vem cumprir a missão fundamental de ser um espaço de aprendizado, experimentação e reflexão para os alunos. É só o início. Precisamos agora consolidar nosso jornal”, disse o diretor.

Guilherme Neto afirmou que foi emblemático tratar de um tema tão delicado como a chacina, na edição de lançamento do jornal. Isso permite à Facom sair dos muros da UFPA e dialogar com a comunidade. Traz à tona um debate sobre violência urbana e segurança pública, tão pertinente nestes tempos. E mostra a todos como é possível fazer jornalismo policial com respeito e responsabilidade, o que pouco se vê nos circos policialescos da TV ou nos cadernos 'espreme-que-sai-sangue'. Nove meses depois e a chacina ainda não está solucionada. Esperamos que haja justiça e que a sociedade se una na luta pela paz”, acrescenta.

Um ponto em comum nas falas dos participantes foi a preocupação com as ameaças atuais à testemunhas, defensores e defensoras de Direitos Humanos, autoridades e familiares. Outra questão é a demora na conclusão das investigações, conduzidas pela Policia civil, e a constatação de que as milícias continuam a agir nas periferias da Região Metropolitana de Belém, além da total ineficiência do Estado em coibi-las. 

Para Anna Lins, advogada da SDDH, que esteve presente no lançamento, a iniciativa está de parabéns. “É motivo de celebração a escolha do tema e das narrativas e a oportunidade que terão os estudantes de jornalismo em se inserir, na sua profissão, com um olhar responsável e ético diante das tragédias e sofrimentos humanos. É preciso renovar essa concepção atual de jornalismo policialesco onde a dor do outro é menosprezada em detrimento da espetacularização da violência e de reforço de preconceitos contra a juventude negra das periferias.

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