Tapanã recebe exposição e ação social no dia 12 de outubro

Márcio, mais conhecido no Tapanã como "Marcinho", doava brinquedos às crianças carentes
Na próxima segunda-feira (12), Dia das crianças, às 14 horas, a exposição itinerante "Choram os cravos de novembro", do artista Josué Jorente, estará aberta para visitação ao público, no Tapanã, especificamente na Rua da Olaria, em frente a casa de número 67. Há também uma força tarefa para que, neste dia, as crianças do bairro recebam doações de brinquedos. O Tapanã, em 2014, foi mais um dos bairros da capital paraense que perdeu um jovem cheio de sonhos e ideais. Este jovem se chamava Márcio e foi covardemente executado por milicianos, durante a chacina que ocorreu entre os dias 4 e 5 de novembro.   

Agora, a mãe do rapaz junto com amigos e outros familiares dele tentam correr contra o tempo e arrecadar mais brinquedos para realizar a ação social que, há quatro anos, o jovem promovia em sua comunidade nos meses de outubro e dezembro: levar um pouco de alegria para as crianças carentes da comunidade do TapanãNão faz muito tempo que as próprias crianças do bairro procuraram pela mãe do jovem, questionando se este ano teria a doação de brinquedos. Sensibilizada, ela quis dar continuidade ao pequeno projeto que o filho fazia.  

Não há fotos de Marcinho, como ele era carinhosamente conhecido no Tapanã, doando brinquedos para as crianças, pois ele achava que registrar a ação era "querer aparecer". O fato é que precisa de mais gente como este rapaz para ajudar a realizar a ação. São cerca de 300 crianças, mas até agora só foram arrecadados pouco mais de 130 brinquedos. Caso você que está lendo agora esta postagem tenha interesse em ajudar, mesmo contribuindo com uma doação pequena de brinquedos, pode deixar no seguinte endereço: Travessa Lomas Valentina, entre Marquês e Visconde, Vila Paz de Deus, casa 77.

Informações: (91) 98148-6612 e 98918-6614 


Conheça quem era o Marcinho:

"Tudo começou logo após Márcio completar seus 18 anos. De menino para homem, ele começou a conhecer os lados bons e ruins da vida. Começou a caminhar com seus próprios pés, a trabalhar e a conhecer as dificuldades das pessoas que residem nas periferias. Sentiu na pele a falta de oportunidade. Essa mesma falta de oportunidade, que muitas vezes, leva vários jovens para o mundo do crime. 

Márcio sempre gostou muito de frequentar aparelhagens e foi através delas que surgiu o coletivo Megas Camaradas do Tapanã: uma equipe de jovens que se reunia para jogar futebol, se divertir, viajar, fortalecer e criar novas amizades, enfim, esses jovens queriam ser reconhecidos, queriam fazer o seu próprio movimento cultural em Belém. 

Márcio sempre teve o sonho de ajudar os que  precisam, de dar cestas básicas, de doar brinquedos, de poder ver um pouco de felicidade no rosto das pessoas carentes. Ele sempre fez isso por meio da aparelhagem, por conhecer os DJs ficava por dentro de quando teria doações. Ele sempre estava disposto a ajudar. Marcinho sabia do preconceito que existe com os moradores da classe pobre, conhecia muito bem a descriminação. Porém, ele jamais imaginaria que esse mesmo preconceito contra pessoas marginalizadas da periferia seria capaz de tirar a sua própria vida. Por ser um rapaz humilde, por conviver em uma sociedade que julga às pessoas pelas roupas, foi vítima de milícias de extermínio em Belém, no ano passado.

Hoje, nós familiares e amigos, continuamos com o projeto Megas Camaradas. Estamos retornando no dia 12 de outubro, tentando fazer com que o Dia das crianças seja um dia feliz para elas. Tentando lutar para que os sonhos dessas crianças não sejam interrompidos por todas as dificuldades da vida e as mágoas que se criam no coração. Estamos em busca de um futuro melhor. Um futuro que infelizmente o Marcinho não terá, por estar morto".

(Relato de um familiar)



Saiba mais sobre a exposição





"Choram os cravos de novembro" é uma intervenção artística que tem o objetivo de sensibilizar a sociedade a respeito da letalidade praticada por milícias organizadas contra a adolescentes e jovens da periferia, além de relembrar os 11 meses da chacina de Belém, que vitimou vários jovens de bairros periféricos, em novembro do ano passado. A instalação ficou disponível para visitação do público, na manhã do último domingo (4), na Praça da República. Na instalação poderão ser vistos objetos pessoais das vítimas e matérias de jornais sobre o caso que, até agora não foi solucionado.

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