Camponesas questionam Estado e repudiam violência policial que sofreram

Trabalhadoras rurais sem terra chegarão a Belém nesta sexta-feira (11), para audiência na Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup). Denunciarão violência sofrida e o abuso de autoridade cometidos parte da Polícia Militar no dia 08 de Março, em frente à Serra dos Carajás, em Parauapebas.

As mulheres sem terra realizarão coletiva de imprensa na chegada à capital paraense, às 9h da manhã, na sede da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) - Travessa Barão do Triunfo, 1381 (Marco).

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Leia a matéria e nota de repúdio produzidos pelo movimento:

Polícia perseguiu camponesas; atirou bombas e spray de pimenta durante o ato das trabalhadoras sem terra em homenagem ao Dia Internacional da Mulher

Da Página do MST

Em nota, o MST Pará, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Fórum de Mulheres Camponesas do Sul e Sudeste do Pará repudiam ação violenta da PM ocorrida na manhã desta terça-feira (8), contra as 300 mulheres camponesas que organizaram uma marcha, em sentido a portaria da Floresta Nacional de Carajás (Flonaca), onde há mais de 30 anos a mineradora Vale saqueia o povo brasileiro.

Com o objetivo de denunciar pacificamente todas as formas de violência que as mulheres sofrem no dia a dia, o ato simbólico com o uso de lama e barro para lembrar o caso Mariana e alertar para os riscos que corre a população da região, infelizmente resultou em tragédia, quando no início do ato a polícia por ordem de seu comandante Major Sousa agiu de forma truculenta.

A polícia realizou uma verdadeira perseguição policial às mulheres camponesas. Atiraram spray de pimenta e bombas em um percurso de mais de 500 metros por entre as ruas da cidade e nas lojas. Mulheres caíram, se machucaram, se feriram, inclusive mulher grávida que desmaiou necessitando de atendimento médico.

Para o Movimento, “o ocorrido na Portaria da Vale nesse dia 08 de março de 2016 é uma forma de violência em que reafirma mais uma vez que o Estado protege as grandes empresas, protege os donos do capital e por sua vez continua massacrando a classe trabalhadora. A ação violenta da polícia nos mostra a sua forma de agir e nos faz lembrar o dia 17 de abril de 1996, exatamente há 20 anos atrás, quando 19 trabalhadores foram brutalmente assassinados na curva do "S"."

Confira nota abaixo

NOTA DE REPÚDIO À AÇÃO VIOLENTA DA PM

O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra do Estado do Pará repudia veementemente a ação truculenta da polícia militar frente à marcha das mulheres camponesas ocorrida no dia 08 de março de 2016, no município de Parauapebas.

O dia 08 de março, data mundialmente reconhecida como o Dia Internacional da Mulher,é dia de mobilização e luta de todas as mulheres por igualdade social e de gênero, políticas públicas, e contra todo e qualquer tipo de violência. Nesse sentido, as mulheres camponesas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do Estado do Pará organizaram uma marcha com 300 mulheres, com objetivo de denunciar pacificamente todas as formas de violência que as mulheres sofrem no dia a dia, seja a violência doméstica, pois “a cada duas horas uma mulher é assassinada”, seja pela violência ambiental provocada pelo grande capital - principalmente através do agronegócio que gradativamente vem envenenando os alimentos -, seja pela expansão da mineração.

Considerando que o 08 de março é dia de luta, as camponesas organizaram a marcha com ato simbólico, usando como espaço a Portaria da Floresta Nacional de Carajás, acesso para a mina de exploração de ferro pela empresa “VALE”, uma vez que essa empresa é um dos símbolos do grande capital na região, apesar de atuar mundialmente, explora de forma intensiva o minério o qual é exportado deixando para a região apenas a degradação ambiental, além dos rejeitos que também ameaçam as populações do entorno.

O ato planejado em forma de mística na Portaria da Empresa “VALE” - usando a lama e um barro de forma simbólica para lembrar o “caso Mariana” e alertar para os riscos que corre a população da região - infelizmente resultou em tragédia, quando no início do ato a polícia, por ordem de seu comandante, Major Sousa, agiu de forma truculenta. Recolheu a chave e o caminhão caçamba sem nenhum diálogo com as mulheres. Devido a reação da policia, as mulheres queriam realizar a mística e então subiram no caminhão para descarregar com as mãos a terra. Vale ressaltar que em nenhum momento foi lançado lama ou qualquer outro tipo de objeto em direção aos policiais e/ou seu comando; mas sim foi-se descarregar a terra para fazer o ato simbólico numa distancia de dez metros da portaria, sem intenção de adentrar o espaço. No momento em que as camponesas subiram na caçamba, imediatamente a polícia lançou spray de pimenta, com bombas atingindo as pessoas, momento em que um dos integrantes da marcha saiu ferido e carregado nos braços das companheiras, além das mulheres machucadas pela violenta agressão da polícia.

O Major Sousa, da Polícia Militar, apreendeu a caçamba juntamente com o motorista. Nesse momento as mulheres tentaram negociar com o comando da Polícia Militar, pois tanto a caçamba quanto o trabalhador precisavam ser libertados, mas não houve negociação. Ao contrário, foi acionado um maior número de policiais, inclusive do Tático, e fizeram um cerco no espaço da manifestação e apreenderam o carro som juntamente com o motorista, levando-o algemado. Em seguida agiram de forma violenta, atirando spray de pimenta, bombas não apenas para dispersar as manifestantes, pois fizeram uma caça num percurso de mais de 500 metros por entre as ruas da cidade e nas lojas, perseguindo as mulheres, atirando e jogando bombas. Verdadeira perseguição policial às mulheres, inclusive grávidas, jovens, crianças e idosas. Nesse momento de extrema violência que muitas mulheres caíram, se machucaram, se feriram, inclusive mulher grávida que desmaiou, necessitando de atendimento médico.

A polícia, além de machucar e ferir mulheres e homens que estavam na marcha, apreenderam os ônibus que foram fretados para o deslocamento de todos os participantes da marcha que retornariam para suas áreas, causando grandes transtornos, pois muitas mulheres são idosas.

O ocorrido na Portaria da “VALE” nesse dia 08 de março de 2016 é uma forma de violência em que reafirma mais uma vez que o Estado protege as grandes empresas, protege os donos do capital e por sua vez continua massacrando a classe trabalhadora. A ação violenta da Polícia nos mostra a sua forma de agir e nos faz lembrar o dia 17 de Abril de 1996, exatamente já 20 anos, quando 19 trabalhadores foram brutalmente assassinados na "Curva do S".

Considerando a violência provocada pela polícia militar no dia 08 de março de 2016, a mando do Major Sousa, do município de Parauapebas, é que repudiamos toda ação realizada pelo seu comando, juntamente com seus parceiros policiais, e solicitamos dos órgãos e autoridades competentes desse Estado que os mesmos respondam pela violência cometida contra as mulheres camponesas.

Lutar, Construir Reforma Agrária Popular!

Coordenação Estadual do MST Pará
Comissão Pastoral da Terra – Marabá – Pará
Fórum de Mulheres Camponesas do Sul e Sudeste do Pará

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